Quando completou 50 anos, o cantor e dançarino Ronaldo de Paula, conhecido como LATIF, que mora em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, decidiu se assumir homossexual para os seus familiares. Porém, a consequência dessa confissão foi uma agressão coletiva.
“Uso a palavra homofobia, pois tudo mudou assim que me liberei da mentira de fingir ser hétero”, contou Ronaldo, explicou, em conversa com o Metrópoles.
No relato, Ronaldo disse que a sua religião, o umbandismo, também motivou os ataques. Segundo ele, os parentes que o agrediram apoiam uma igreja que não aceita as religiões de matriz africana.
O que se sabe:
Na última sexta-feira (17/1), o homem voltou à delegacia para perguntar sobre o andamento do inquérito e descobriu que o seu caso foi enviado para um fórum no bairro Ipiranga, na capital paulista, que, segundo ele, é o local onde um dos agressores trabalha. A vítima, então, decidiu procurar ajuda legal.
“Eu só quero justiça, pois nunca fui agredido na minha vida. Só quero paz e justiça para realizar o meu sonho de viver com o que eu amo, que é cantar e dançar”, desabafou o homem. Ronaldo busca ajuda jurídica para auxiliar em seu caso. “Desde que aconteceu essa agressão, minha vida se atrapalhou toda na questão financeira, pois luto todos os dias pra que a justiça seja feita.”
Além de ter sofrido agressão física por parte dos familiares, Ronaldo relata que foi tratado com descaso pelas autoridades. Por volta das 20h, quando se dirigiu à delegacia para preencher um boletim de ocorrência, no 70º Distrito Policial (Vila Ema), o homem chegou chorando e, ao entrar, ele disse que um agente falou: “aqui não é hospital para você chorar”.
O funcionário informou que o artista deveria se dirigir a um posto da Polícia Militar. Mesmo machucado após ter sido espancado por sete pessoas, ele foi até lá e o mandaram de volta para a delegacia civil. Após horas esperando para ser atendido, ele foi mandado ao hospital para pedir o exame de corpo de delito.
Ao voltar para a delegacia, ele pediu que os policiais o levassem para casa, já que ele estava muito machucado. Segundo a vítima, os agentes deram risada do pedido e disseram que “não eram Uber”.
Quando retornou à delegacia em janeiro deste ano, o homem afirmou que foi tratado da mesma maneira do dia em que relatou o caso, em dezembro de 2023. “O atendente da recepção me tratou igual cachorro”, informou LATIF.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.