Durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (22/5), o ministro Flávio Dino leu em plenário um comentário ofensivo que recebeu por meio da ouvidoria da Corte. Em tom irônico, ele destacou um trecho que o chamava de “rocambole do inferno”, utilizando o episódio para refletir sobre o atual clima de intolerância nas redes sociais.
A declaração foi feita durante o julgamento de ações que questionam a criação de cargos operacionais nos Tribunais de Contas dos Estados de São Paulo e Goiás. Dino aproveitou o momento para ilustrar o que chamou de “tempos de ódio”.
“Recebi hoje, vindo da ouvidoria do Supremo, uma postagem muito gentil de um cidadão. [...] Ele me chama de canalha (…) e de ‘rocambole do inferno’”, leu Dino, entre risos, destacando a criatividade do autor anônimo.
O ministro brincou com o tom da mensagem e disse que mostraria à esposa a expressão inusitada.
“Vou perguntar para minha esposa o que ela acha, e ela vai dizer: ‘Você é meu rocambole, mas não do inferno’”, disse Dino, arrancando risadas dos colegas.
Apesar do tom descontraído, Dino destacou a gravidade do conteúdo, que incluía ameaças físicas como “deveria apanhar até perder os dentes”, e defendeu um debate sério sobre a propagação de discursos violentos.
“O espírito do tempo é de cultivo de ódios e desvarios, numa escala criminosa. As caixas de comentários ganham densidade quando penetram na mente humana e se transformam em força material. Por isso, precisamos levar em conta as consequências práticas disso ao julgar”, afirmou o ministro.
Ameaça de bomba mobiliza PM em ministério no DF
No mesmo dia, uma ameaça de bomba no prédio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em Brasília, mobilizou equipes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
De acordo com testemunhas, um homem teria explodido um artefato na frente do ministério, situado no bloco A da Esplanada dos Ministérios, onde também funcionam outras pastas como os Ministérios dos Esportes e dos Direitos Humanos.
A ocorrência começou por volta das 16h, quando a PMDF cercou o local e iniciou negociação com o suspeito. Em determinado momento, ele chegou a segurar uma criança no colo, enquanto conversava com os policiais, o que aumentou a tensão.
Até o fechamento desta matéria, não havia confirmação oficial sobre o tipo de artefato utilizado ou se houve explosão de fato. O caso segue sendo investigado.