Ele vive nas águas escuras e turvas da Amazônia, é tímido, mas pode se defender com uma descarga elétrica poderosa. Estamos falando do poraquê, mais conhecido como peixe elétrico, uma das criaturas mais fascinantes da natureza.
O peixe elétrico pertence à espécie Electrophorus electricus e faz parte da família dos gimnotídeos, nativos da América do Sul. Apesar de seu nome popular, ele não é um peixe de combate, mas sim um predador silencioso que utiliza eletricidade tanto para caçar quanto para se proteger.
O corpo do peixe elétrico é como uma verdadeira bateria viva. Ele possui células especializadas chamadas eletrócitos, que funcionam como pequenos geradores de corrente. Quando o peixe se sente ameaçado ou vai atacar uma presa, essas células se ativam simultaneamente, criando uma corrente elétrica que percorre seu corpo e é descarregada na água.
A descarga pode chegar a 860 volts, o suficiente para atordoar peixes, predadores ou até mesmo causar dor a um ser humano que entre em contato com ele — embora ataques a pessoas sejam raros e geralmente ocorrem em casos de manipulação ou defesa.
O mais curioso é que o peixe elétrico enxerga com eletricidade. Como vive em ambientes com pouca luz, ele emite impulsos elétricos de baixa voltagem continuamente para mapear o ambiente ao redor, detectar objetos e até se comunicar com outros da espécie. É como um “radar biológico”, semelhante ao que morcegos fazem com o som.
Na hora da caça, o peixe elétrico alterna entre pulsos leves e descargas fortes. Primeiro, localiza a presa com os impulsos fracos. Em seguida, libera uma carga alta que paralisa o alvo, facilitando a captura. O mesmo mecanismo é usado para afugentar predadores, como jacarés ou outros peixes maiores.
O peixe elétrico pode atingir até 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 20 kg.
Apesar de viver na água, o peixe elétrico precisa subir à superfície para respirar ar, já que seus pulmões são parcialmente funcionais.
Cientistas estudam o sistema elétrico desses peixes para desenvolver tecnologias médicas, como marcapassos mais eficientes e dispositivos que usam eletricidade de forma biocompatível.